quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Crer ou não crer...

O cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, afirmou que a grande novidade do acordo assinado ontem pelo Brasil com a Santa Sé, em Roma, é o reconhecimento jurídico da Igreja Católica. O ensino religioso é garantido pelo texto do documento, que o reconhece como um direito confessional plural, mas a aplicação do que foi acertado vai depender de regulamentação estadual. Fonte: O Estado de São Paulo

Brasília - Em um ranking elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para monitorar o cumprimento de metas pelos países para melhorar a educação, o Brasil ocupa a 80ª posição em uma lista de 129 países estudados. Fica atrás de países latino-americanos como o Paraguai, a Venezuela e Argentina, além do Kwait, Azerbaijão, Panamá e outros. O Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos foi lançado hoje (25), em Genebra, pela instituição. Fonte: Jornal Dia a Dia


Também este mês foram divulgados números do Inep, instituto de pesquisa ligado ao Ministério da Educação, segundo os quais o investimento total por aluno no País, do ensino fundamental ao superior (16 anos), caiu de R$ 75,54 mil em 2000 para R$ 75,14 em 2006, depois de haver chegado a R$ 64,44 mil em 2003. A participação da União nesses seis anos baixou de 19,9% do total para 17%, enquanto a dos Estados subiu ligeiramente, de 42,1% para 42,8%, e a dos municípios foi de 38% para 40,2%. Ou seja, o maior crescimento ocorre onde costuma ser menor a receita, embora possa haver transferências de outras esferas. E neste ano de 2008 o governo federal só aplicou em educação, até aqui, 11% de seus recursos, quando a Constituição exige 18% (O Globo, 25/10). Só 11% dos jovens entre 18 e 25 anos estão no ensino superior, e são na maioria de famílias ricas - nestas, 53% nessa faixa de idade estão em universidades, ante 0,8% nas faixas mais pobres, segundo artigo de J. A. Pinotti neste jornal (9/11, A2). Isso tem conseqüências muito fortes, porque, segundo a Fundação Getúlio Vargas, cada ano de estudo se pode traduzir em 15% mais na remuneração no trabalho. E hoje a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos está acima de 50%, 75% das pessoas que cursaram escolas são analfabetas funcionais e os jovens são a maioria absoluta entre vítimas da violência no País. Fonte: O Estado de São Paulo

Tantas reformas necessárias à melhoria do ensino público, e o Governo se precoupa com o ensino religioso num Estado laico (em tese)...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Stick & Sweet (by Rosalina Marcondes)

Doce
Te chupo como pirulito
Lambendo as hastes do seu corpo
Os pêlos das coxas
Água na boca
A língua nas coxas
Minha boca na sua
Você na minha boca
Derrete como açúcar
Doce e quentinho

Rosalina Marcondes

(poema publicado na edição n. 67, do Jornal da Praça Benedito Calixto)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O sonho de Martin Luther King

A eleição de Barack Obama foi celebrada no Brasil como prenúncio de mudanças para melhor nas relações políticas e econômicas entre os dois países. O presidente Lula foi convencido de que a vitória de Obama embute bons prognósticos de benefícios comerciais ao país.
A expectativa favorável se consolidou depois de encontros ocorridos ao longo da campanha entre diplomatas brasileiros e assessores de Obama. O presidente eleito disse que tem dois projetos imediatos de interesse direto do Brasil. O primeiro é reaproximar os Estados Unidos de países da América Latina, como Venezuela e Bolívia. O Brasil seria o interlocutor escolhido dos americanos para essa tarefa. O segundo é diminuir a dependência de seu país do petróleo, incentivando o uso e a produção do etanol. O Brasil seria o principal parceiro na empreitada e se livraria das barreiras protecionistas americanas.

Fonte: Veja

A vitória de Barack Obama representa um grande passo na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Contudo, encaixar Obama na figura do bom mulato é também um preconceito: ele foi eleito presidente de uma nação capitalista ao extremo, cuja política nacional internacional se baseia em lucros financeiros, não no bem estar social do mundo. A fonte alternativa de combustível a que ele se referiu pode ser o milho, ao invés do álcool...Já no Brasil, presidente negro só em escola de samba.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Chibatadas fálicas

Após ser assaltado e agredido com socos e ter registrado ocorrência policial, motorista de caminhão da All – América Latina Logística Intermodal S.A. foi submetido a interrogatório por representante da empresa que queria esclarecimentos do trabalhador, com atitudes de intimidação, inclusive com exposição de arma de fogo. A empregadora foi condenada a pagar indenização por danos morais.
Na inicial da ação, o motorista contou que, após o assalto do caminhão, foi constrangido a dar novas explicações dos fatos, sendo indiretamente acusado pela participação ou pela facilitação da ocorrência do assalto. Afirmou, ainda, que era responsável pela cobrança de pagamento dos produtos entregues e, caso faltasse algum valor na prestação de contas, não poderia sair da empresa antes de quitar o total, devendo conseguir a importância com colegas ou familiares, “sofrendo verdadeiro cárcere privado”.
A indenização de R$ 35 mil, estabelecida pelo TRT/RS, abrange também danos morais devido a exposição do empregado a situações vexatórias, como desfilar com uma tartaruga de plástico embaixo do braço na frente dos colegas - obrigação imposta aos motoristas que chegassem por último, e ser golpeado com um pênis de borracha nas costas.
A empresa recorreu ao TST, mas o Ministro Ives Gandra Martins Filho, relator do agravo de instrumento, manteve o entendimento do TRT/RS (AIRR nº 1.304/2005.003.04.40-9).
Fonte: TST

domingo, 9 de novembro de 2008

A lei não protege, fere

Começa o fim do mundo hoje, daqui a 50 metros, daqui a 50 balzaquianas desempregadas após a vigência da nova lei que amplia a licença maternidade para 6 meses, a pedido da gestante. Certamente o filho, que ganha a companhia da mãe por mais 2 meses, será beneficiado, mas a mãe, já é prejudicada desde a entrevista de admissão. Tenho 30 anos, sou casada, e a terceira pergunta sempre é acerca de filhos. Mulheres casadas e sem filhos viraram uma ameaça. Se ainda não existem muitas mulheres ocupando cargos de chefia dentro de empresas, com essa lei haverá menos ainda. Sem contar a dificuldade criada ao exercício do direito, pois a licença deve ser requerida pela própria gestante, no prazo de até um mês após o nascimento da criança, quando a mulher não dorme nem de dia nem de noite porque está amamentando um recém-nascido, e provavelmente cansada demais para pensar em qualquer outra coisa que não seja sua cria. Portanto, é uma lei covarde e inviável, ao contrário dos para-atletas brasileiros que trouxeram mais medalhas das olimpíadas de Pequim que os atletas não portadores de deficiências (logicamente as deficiências financeiras por falta de investimento do governo, em todas as esferas, não conta). O homem é o produto do meio, já que a boa campanha brasileira foi resultado da escassez de ruas, calçadas e vias de acesso público adaptadas aos portadores de deficiência no Brasil. Ainda é capaz de algum político se vangloriar de sua inoperância por este resultado, assim como Celso Russomanno, segundo deputado federal mais votado em 2006, denunciado pelo Ministério Público por usar verba pública (nossa) para pagar uma funcionária particular (dele), continua usando o jargão "bom para ambas as partes", que o notabilizou na solução de conflitos num programa de TV. Ambas as partes quem, cara pálida? Nesse caso, ambas as partes devem ser ele e a funcionária, porque o Maluf, coleguinha presidente de honra do mesmo partido não ficou muito satisfeito com a briga pela influência sobre os destinos do PP. Rouba mas faz, aprendeu direitinho. Seria esse o sentido do "bom para ambas as partes"? É um desperdício de tecnologia, pois, embora o processo eleitoral brasileiro proporcione a rápida apuração dos votos, não nos proporciona candidatos aptos aos votos. Só rasgando a fantasia para sobreviver a dois turnos inúteis, já que tudo continuará como está. Já na divisa dos estados de Mato Grosso e do Pará dizem que as queimadas diminuíram em 80%, graças ao treinamento da primeira brigada de bombeiros kayapós. Tá, os índios viram bombeiros e o Estado faz o que? Dança da chuva? E quem vai fiscalizar os criadores de gado e agricultores para evitar os incêndios, e punir os reponsáveis pelas queimadas? Provavelmente ninguém, pois são os próprios deputados e senadores os latifundiários que destroem o ecossistema brasileiro, e continuarão destruindo daqui a 50 metros, daqui a 50 anos, daqui a 50 empregados humilhados porque não saciaram a sede capitalista de vendas, ainda que de títulos podres...

Coluna da edição n. 67, do Jornal da Praça Benedito Calixto, por Débora Aligieri
Ph: Eduardo Barrox

sábado, 8 de novembro de 2008

Quem espera marola leva caldo

SÃO PAULO - O Brasil tem hoje 324 grandes obras de infra-estrutura em construção ou já contratadas (mas não iniciadas) correndo sério risco de atraso por causa da escassez de crédito que assola o mundo. Para serem concluídos nos próximos anos, os empreendimentos vão demandar cerca de R$ 90 bilhões. "Estamos agora concentrados na criação de soluções para evitar que haja descontinuidade das obras e atraso nos cronogramas", afirma o presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, responsável pelo levantamento sobre a necessidade de financiamento nas áreas de energia elétrica, ferrovias, rodovias e portos.
Godoy disse que cerca de 70% do volume de recursos deverá sair do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Mas esse dinheiro pode ser liberado no início, no meio ou no fim do projeto. Até porque, diante dessa crise, todo mundo passa a contar com o banco para tudo e não tem dinheiro para todos."
Fonte: O Estado de S. Paulo

Se a escassez de crédito afetou o financiamento de obras de energia elétrica, ferrovias, rodovias e portos, que beneficiariam o setor industrial, não sobrará nada para financimaneto de programas habitacionais e de infra-estrututra. Quanto ao PAC, todos silenciam.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Adivinhe quem vem para competir?

Diante de uma torcida apaixonada em Interlagos, Felipe Massa fez o que tinha de fazer. O brasileiro da Ferrari ganhou o GP do Brasil. Ganhou, mas não levou. Na última curva de uma corrida dramática, Lewis Hamilton pulou da sexta para a quinta posição e fez história no quintal de seu maior adversário. Sob vaias, o inglês da McLaren se tornou, aos 23 anos, o mais jovem piloto e o primeiro negro a conquistar um título da Fórmula 1.
Nas voltas finais, os brasileiros que lotavam o autódromo viram duas reviravoltas incríveis. Hamilton foi ultrapassado pelo alemão Sebastian Vettel, da STR, criando um cenário de título para Massa. Para ser campeão, o inglês precisava retomar a quinta posição. O banho de água fria na torcida veio na curva derradeira, quando Vettel e Hamilton, de uma só vez, ultrapassaram o alemão Timo Glock, da Toyota. Com apenas um ponto de vantagem para o rival, o inglês calou Interlagos. Calou apenas por alguns instantes, porque o silêncio logo deu lugar às vaias.


E depois dizem que o preconceito no Brasil é velado ...