quarta-feira, 14 de março de 2012

Cantigato na cadeira

Só na ponta da cadeira
Sentada `a margem social
Eu me olhando meu gato eu
Com aranhas na cabeça
Quero meu arranhador 

Ocupo apenas a margem
Em lembranças da infância
Queria ser parte inteira
Aranhas remotamente
Controladas na cabeça
Gato morde o papelão
Eu quero a cadeira inteira
Hoje quero mais café
Quero morder papelão 
E caminhar digna ao sol

Débora Aligieri

poema publicado na Revista Autor


Informações sobre Cantiga Palaciana, ou Como foi elaborado o poema:
A poesia palaciana tendeu a aprimorar-se tecnicamente, buscando expressividade nas próprias palavras. Do ponto de vista da forma, os poemas de então fazem uso consciente de rimas, métricas e ritmos bem marcados, de ambiguidades e jogos de palavras, de aliterações e de figuras de linguagem em geral. A métrica empregada são principalmente as redondilhas: a maior, com sete sílabas poéticas, e a menor, com cinco. De acordo com a disposição dos versos e das estrofes, os poemas da época são chamados de vilancete, cantiga e esparsa. Na cantiga há um mote de 4 ou 5 versos e uma glosa de 8 a 10. Cantigato na cadeira é uma cantiga em redondilha maior. Fonte: Cereja,Willian Roberto; Panorama da literatura portuguesa, 2o grau; William Roberto Cereja, Thereza Analia Cochar Magalhães; 2a ed. rev. e ampl.; São Paulo; Atual; 1997; pág. 29.